segunda-feira, 30 de setembro de 2013

LANÇAMENTO DO LIVRO de ROCHA DE SOUSA: "NARRATIVAS DA SUPREMA AUSÊNCIA"

Um livro tão actual quanto oportuno já que a Humanidade tende a minimizar e até a esquecer todas as ignomínias e seus autores, figuras que alimentaram a práxis política/religiosa tão responsável pelos males que infectam o mundo e atrasam a marcha civilizacional.

Rocha de Sousa é um autor que aborda a relação e os sentidos do Homem, de Deus e das coisas. E a contemporaneidade das suas palavras deverá perdurar até longe no futuro. 

As suas histórias representam aventuras no terreno da vida de onde ele próprio parte como principal aventureiro no terreno das ideias. Ao conhecermos uma personalidade com estas características, verificamos, sobretudo, que a imaginação é um espectáculo tão fascinante e envolvente quanto o desfilar da própria acção. Porque imaginar é como explorar novas terras.
Poder-se-á dizer que a ficção se assemelha a um efeito de espelho, e talvez seja; talvez o leitor se limite a procurar nos livros o que já sabe, aquilo que lá vai encontrar de peculiarmente seu. Mas caso se trate desse efeito em ficção, o resultado é tão mais requintado e complexo quanto mais transformador do real conseguir ser. Podemos, assim, encarar a ficção como uma insofismável e suprema presença artística. Mas a arte de Rocha de Sousa também se afirma "realmente" em outras vertentes: Cinema e Teatro, Pintura e DesenhoBelas-Artes desde sempre na deriva da mobilidade visual.

Observando a sua escrita mais de perto, compreendemos que a sintaxe por si utilizada, não esquecendo as influências que nos cercam a todos na viagem da vida, possui uma anatomia própria, formada por um método muito particular ora desenhando minuciosamente as letras e pintando as palavras com a paleta do mundo, ora construindo e filmando cenários reais e impossíveis, desastres principais ou a inevitável condição humana à mercê dos castings que só a sua imaginação e pendor intuitivo conseguem processar.

NSA de sigla, ou Narrativas da Suprema Ausência é um livro feito no LIMITE DO APOCALIPSE, são PALAVRAS ÍMPIAS escritas no INVERNO DOS IMPÉRIOS ou o COMEÇO DE UM NAUFRÁGIO, são os DESASTRES PRINCIPAIS ou a DECADÊNCIA ANTECIPADA; é o HOMEM MUTILADO cá dentro, impotente, que nada faz senão contemplar O CREPÚSCULO DOS DEUSES e sonhar com A TERRA PROMETIDA. São ideias flexíveis como CANAS DE BAMBU, é a MORTE DAS PALAVRAS em nome da CULTURA IRRACIONAL onde O GRITO DA IMOLAÇÃO entoa A BALADA DA MEMÓRIA CEGA. E as IMAGENS DA ESCRITA, a bordo de UM NAVIO SEM DONO NEM FANTASMAS, lembram as ESCOLAS DO SILÊNCIO onde ensinam OS NAUFRÁGIOS TODOS; aí , nesse espaço vazio de humanismo, escuta-se O RUÍDO QUE PRECEDE A MORTE, são AS PALAVRAS ARDENTES gritadas POR NÓS DENTRO DE NÓS, é O SER E O NADA OU AS PERDAS, A PERDA DAS MEMÓRIAS EXCESSIVAS e A FALA E AS ESCRITAS DO DESERTO AO MARTÍRIO. É aqui, enfim, que tudo começa e tudo acaba: hoje OS CONTINENTES MORREM DEVAGAR, uma MORTE EM SOLIDÃO em nome de UM MUNDO SEM RAZÃO.

Estes são os 28 capítulos de um livro que «não tem género», uma ideia criada «porque sim». Uma razão sem razão que se dilui «no horizonte da vida», metamorfose ocorrida «segundo novas formas de martírio, pelo fio do quotidiano, às vezes em plena solidão, os dedos endurecidos batendo o discurso de todos os testemunhos
São «factos dispersos, descontextualizados, relativos a diferentes aparências», imagens que nos queimam «a alma, sonhos fugidios ou quedas desamparadas.
Há em nós gavetas para guardar memórias de tudo isso, prateleiras em miniatura onde se sobrepõem os diversos documentos que narram a vida de cada pessoa, em cada pessoa, retendo cadastros complexos, apontamentos em velhos cadernos diários, ou revendo certos casos de pétalas desidratadas ou descoloridas.
Saber a memória de um homem assim, sem o poder ver e acompanhar rasga o nosso psiquismo, faz-nos conviver com ansiedade, incompreensivelmente debruçados sobre uma gravura sem magia nem alma, e o que nos resta, talvez mais tarde, é percorrer a sua escrita para desvendar histórias de uma grandeza esquecida, riscos, aventuras, naufrágios, escaramuças, a ideia de honra e de coragem, a ideia de nação, letra a letra, palavras antigas de uma bela carpintaria de texto, invenção de um mundo que nunca ninguém vira, apesar dos nomes, das vozes dos comandantes, o passado de novelas que os livrinhos da primária nem assinalavam, embora nos carregassem as meninges com a água dos rios todos de Portugal continental e ultramarino.»


Breves memórias nítidas e desfocadas. 
Narrativas supremas de um homem de 
ontem, de hoje e de amanhã.Verdades 
conhecidas e narradas por um homem 
anónimo que o mundo conhece mas
não quer reconhecer.

Miguel Baganha

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