sábado, 6 de dezembro de 2008


PORTUGAL FUTURISTA


















(Cabeça, cerca de 1910

Guilherme Santa-Rita - Santa-Rita Pintor)

Guilherme de Santa-Rita, Lisboa 1889-1918, foi talvez o pintor português mais carismático de sempre, tendo por base uma visão ímpar da pintura moderna em Portugal. Censurado por muitos artistas portugueses de nomeada, ele é também apontado por alguns como sendo o responsável directo pela introdução do Futurismo em Portugal. Este artista visionário, cedo começou a despertar atenções quando em 1913, pintou "O Orpheu dos Infernos", uma das poucas pinturas existentes, devido ao facto de toda a sua obra ter sido destruída pela família, respeitando a vontade do próprio Pintor. A imagem da pintura que aqui aparece representada a preto e branco por falta de documentação, anula por completo a riqueza pictórica desta composição e reduz substancialmente a extraordinária visão e maturidade de Santa-Rita.

(O Orpheu dos Infernos -
Guilherme Santa-Rita - Santa Rita Pintor)

Numa descrição breve, "O Orpheu dos Infernos é um óleo sobre tela, onde figuras demoníacas, corpos e rostos bizarros contrastam com aeronaves rasgando um cenário dantesco que se pressente também apocalíptico.

Santa-Rita, pintor e idealista mal-amado, como a maioria dos artistas desejava ser original, de tal forma que isso se tornou uma obsessão.
Como exemplo, aqui fica uma das suas citações:

«Ah, meu caro amigo, você não calcula como a originalidade me preocupa... é uma necessidade moral e física de ser outro eu. Eu queria falar como ninguém fala, com palavras que mais ninguém empregasse; vestir-me de outra maneira, viver numa casa como nunca existisse.»

















( Santa-Rita-Pintor )


Guilherme Augusto Cau da Costa de Santa-Rita morre prematuramente com 29 anos em 1918, no mesmo ano de Amadeo de Souza-Cardoso. Terminava assim a carreira promissora de um jovem artista de idéias revolucionárias, numa época em que Portugal mais precisava de mentes frescas e inovadoras.

Miguel Baganha

quinta-feira, 13 de novembro de 2008


VER É COMPREENDER














("APARÊNCIAS" - Óleo s/ tela, 2008
Miguel Baganha)

"Ver é Compreender"

«Cada um de nós vê as coisas de modo diferente. E essa diferença vai determinar, na prática, uma variedade significativa de modos de fazer. Uma variedade nas soluções que cada um de nós encontra para transmitir aos outros a experiência do mundo que nos rodeia. A destreza do fazer está relacionada com a qualidade do ver e os objectivos poéticos ou funcionais que se pretendem atingir.»

Excerto do livro:
ARTES PLÁSTICAS IV VOLUME, por ROCHA DE SOUSA

domingo, 9 de novembro de 2008


O MITO DO BELO















Joel Peter Witkin
é um actual e conceituado fotógrafo norte-americano. A sua obra é muito controversa por revelar um conceito de beleza e estética que se situam fora dos padrões comuns. Witkin utiliza corpos flagelados, retalhados e em decomposição, membros dispersos conjugados com frutas e vegetais, cadáveres numa atmosfera surrealista, torsos de mulheres em poses vitorianas e um sem número de aberrações humanas. Este notável artista também referencia clássicos da pintura na sua obra, sendo influenciado por múltiplos pintores. De Bosch a Munch, passando por um Velasquez, Picasso ou Dali ou até mesmo Arcimboldo.


















A sua visão é considerada, brutal, mórbida, exagerada e aberrante, conotada com um belo-terrível. Dela emanam vibrações poderosas, bizarras, tétricas e algo soturnas que nos deixam inquietos. No entanto, é inegável que toda a composição e encenação é absolutamente espantosa e tecnicamente perfeita.

Witkin faz-nos confrontar com uma poética diferente do senso comum e revela-nos a sua própria perspectiva de estética visual, procurando um outro real, um real oculto por detrás da carne putrefacta, das cabeças decapitadas, por detrás do real dito real.












No decurso de uma entrevista e após lhe perguntarem se ele considerava a sua obra horrível, ele respondeu: «horrível?, não! Quando muito, estranha, diferente, talvez uma outra ideia de Belo... o que é o Belo, de resto?».
















Esta resposta leva-nos indubitavelmente a ponderar sobre a verdade deste complexo conceito. Senão, leiam este excerto da abertura da História do Feio dirigida por Umberto Eco:

«Se um visitante vindo do espaço entrasse numa galeria de arte contemporânea e visse rostos femininos pintados por Picasso e ouvisse os visitantes a julga-los "belos", poderia conceber a ideia errada de que, na realidade quotidiana, os homens do nosso tempo achassem belas e desejáveis criaturas femininas com rostos semelhantes aos representados pelo pintor. Todavia, o visitante espacial poderia corrigir a sua opinião se assistisse a um desfile de moda ou a um concurso de Miss Universo, em que veria celebrados outros tipos de beleza. A nós, ao contrário, isto não é possível, porque, quando visitamos épocas remotas, não podemos fazer verificações nem em relação ao belo nem relativamente ao feio, porque dessas épocas só nos restaram testemunhos artísticos. Outra característica comum tanto à história do feio como do belo é a que devemos limitar-nos a registar as vicissitudes destes dois valores na civilização ocidental. Para as civilizações arcaicas e para os povos chamados primitivos, temos achados artísticos, mas não dispomos de textos teóricos que nos digam se aqueles se destinavam a provocar o deleite estético, o terror sagrado ou hilaridade.»
Quanto a mim, o Belo existe nas mais variadas expressões. Nos dias de hoje, ele assume uma postura vertical e arbitrária, de costas voltadas para as regras pre-concebidas e castradoras da liberdade criativa que as religiões e costumes sociais nos impuseram através dos séculos.

















Witkin afirma que a sua visão e sensibilidade se despoletaram durante a sua infância, ao testemunhar um acidente de automóvel onde uma pequena menina foi decapitada.


Miguel Baganha

quarta-feira, 29 de outubro de 2008


EXPOSIÇÃO - LEILÃO

" ASSOCIAÇÃO SALVADOR "














" MARÉ NEGRA "

Óleo sobre tela: Miguel Baganha
Obra a participar na Exposição / Leilão - Associação Salvador
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"METAL, PEDRA E AR"

Fotografia: Daniela Rocha
Obra a participar na exposição / Leilão - Associação Salvador

A Associação Salvador: esta associação que funciona sem fins lucrativos, promove a Solidariedade pelos interesses e direitos das pessoas com mobilidade reduzida.

O Hotel Real Palácio e a Galeria Prova de Artista associam-se na realização de uma Exposição / Leilão cujas vendas revertem a favor desta Associação.

A Exposição na Galeria Prova de Artista de 15 de Novembro a 2 de Dezembro, tem como objectivo a divulgação antecipada das obras e dos artistas que, oferecendo os seus trabalhos, se associaram a este acto de solidariedade.

O leilão precedido de Cocktail será realizado num salão do Hotel Real Palácio no dia 3 de Dezembro às 18h:30.

Artistas que até ao momento confirmaram a sua participação:
BIOGRAFIASAlexandra Barbosa Miguel Baganha Célia Bragança José Brito Ana Calheiros Joaquín Capa Manuela Cristóvão Fátima Ferreira Fernanda Garrido Teresa Herrador Sónia Higuera Paulo Lourenço Rui Matos Saskia Moro Diogo Navarro Isidro Paiva Fernanda Pissarro Isabel Pyrrait Vítor Ribeiro Mário Rita Daniela Rocha Maria Rolão Amélia Soares Daniel Vieira

Rua Tomás Ribeiro, 115 loja 1

1050-228 Lisboa


Horário:
2ª a 6ª: 10:30 - 20:00
Sábado: 15:00 - 20:00

terça-feira, 14 de outubro de 2008


HORIZONTE POP



































Fotografias digitais
do autor do blogue.

Num primeiro olhar, estas imagens parecem variar de perspectiva e até de forma, mas na verdade, o tema reproduz-se em série tendo a cor como única variante.







Esta composição fotográfica em série, segue o princípio elementar de algumas obras do artista plástico e ceneasta Andrew Warhola. (Pittsburgh, 6 Agosto 1928- New York, 22 Fevereiro 1987) Conhecido como Andy Warhol, ele foi considerado a maior figura da pop-art. O artista norte americano que transformou a arte contemporânea, desafiou as então pre-concebidas noções sobre a natureza da arte, eliminando assim os tradicionais debates entre a arte erudita e a cultura popular.

Miguel Baganha




( Andy Warhol -
auto-retrato 1986 )

sexta-feira, 10 de outubro de 2008


MARCANDO O TEMPO















("Marcando o Tempo"
Miguel Baganha, fotografia digital | 2008)


Vulgarmente ouvimos dizer que determinada obra de arte é intemporal, no entanto considero que o seu tempo ou durabilidade é limitado, algo indefinido como a arte em si. Em grande parte, esse tempo é marcado pela capacidade sensorial e conceptual de cada indivíduo.

Miguel Baganha